25 de fevereiro de 2008

Carpas, Badminton - Antonio Prata

Encontrei essa rua por acaso, me perdendo pelas elegantes alamedas da concessão francesa. Por acaso, entrei num lindo jardim onde celebravam um casamento. Vi uma criança emocionada, apontando os peixes num laguinho, enquanto a mãe dizia alguma coisa. Carpas? Pode ser. Carpas, disse a mãe, e pela primeira vez a garotinha soube que aquela coisa maravilhosa, aqueles gomos de mexerica gigantes que se moviam para todos os lados chamavam-se carpas. Depois entrei numa ruazinha e um casal de uns dezessete anos jogava badminton. Jogavam mal, não conseguiam concatenar três raquetadas, desengonçados e apressados - como talvez seja seu sexo -, mas riam, se divertiam, era feriado, eles se amavam, e daí? No fundo dessa viela vi o tal gato, o tal cano e tive uma súbita noção dos outros. Outros, seis bilhões de outros – sem contar os gatos -, casando-se, aprendendo que o nome disso é carpa, ensinando à filhinha que o nome disso é carpa, jogando badminton na rua porque hoje é feriado, eles estão vivos e se amam e que importa?Na média, acho que o mundo é um lugar legal. Tem gente matando, gente morrendo, gente explorando e gente invejosa fazendo suas maldadezinhas gosmentas, mas as carpas, o badminton, no fim das contas... Não?

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