6 de outubro de 2009

A Idade da Razão - Sartre

- Recusas?
- Recuso - disse Mathieu desesperado. - Recuso.
Pensava: "Veio oferecer-me o que tem de melhor!"
Acrescentou:
- Não é coisa definitiva. Mais tarde...
Brunet deu de ombros.
- Mais tarde? Se você aguarda uma revelação interior para escolher, você arrisca esperar muito. Você pensa que eu estava convencido quando entrei para o Partido? A convicção forma-se...
Mathieu sorriu tristemente.
- Eu sei. Põe-te de joelhos e terás fé. Talvez você tenha razão. Mas eu, eu quero acreditar primeiro.
- Naturalmente - disse Brunet com impaciência. - Vocês são todos iguais, vocês, os intelectuais. Tudo desmorona, os fuzis vão disparar sozinhos e vocês, serenos, reivindicam o direito de ser convecidos. Ah! se ao menos você pudesse ver-se com os meus olhos, compreenderia que não se pode perder tempo.
- E então? Sim, o tempo passa, e daí?
Brunet deu uma palmada de indignação na coxa.
- Muito bem! Finges lamentar o teu ceticismo, mas não te desfazes dele. É teu conforto moral. Quando o atacam, a ele te apegas avidamente.

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