Eu tinha um bloqueio, que afastava minhas boas idéias do papel e da caneta. Esse bloqueio impedia a existência palpável do meus poemas, crônicas e afins. Tinha idéias, conhecimento, vontade, mas faltava algo. O bloqueio chamava felicidade. A falta chamava dúvida. Convenhamos, nenhuma pessoa completamente feliz escreve bem, afinal todo poeta só é grande se sofrer, conforme Vinicius. E agora que eu sofro, agora que não existe mais nenhuma certeza, nenhuma verdade, as palavras tonam-se facilmente frases. As frases, textos. Os textos, fugas.
"Ópios, éters, analgésicos
Não me toquem nessa dor
Ela é tudo que me sobra..."Dor Elegante - Zélia Duncan
Itamar Assumpção e Paulo Leminski
Um comentário:
Será pretensioso o comentário, já aviso.
Com o tempo vai-se aprendendo a sofrer mesmo quando tudo está bem e tudo está feliz, e assim a produtividade se estabiliza.
É um saco, de qualquer forma.
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